Deficiente físico talvez seja um dos termos mais desatualizados da língua portuguesa. Como se pode chamar de deficiente físico alguém que sem conseguir mover as pernas, cria filhos e comanda empresas? Como chamar de deficiente físico alguém como Derek Rabelo, que é portador de cegueira congênita e surfa ondas gigantes mundo a fora? O que dizer de Davizinho Radical que nasceu com má formação dos braços e pernas e ainda criança já representa o Brasil em competições internacionais?
Eles são muito mais do que eficientes. Eles fazem coisas que provavelmente seu vizinho jamais conseguirá. Coisas que você mesmo nem sonha em fazer.
Sérgio Murilo, da Faculdade UNINASSAU, é uma das pessoas que também não aceitam a expressão “deficiente físico”. A instituição de ensino superior que comanda é especialista também quando o assunto é acessibilidade e desempenho de pessoas que por nascença ou acidente, tem algum tipo de necessidade especial.
“Não existem pessoas deficientes, existem cidades deficientes. Todo mundo tem a sua eficiência de acordo com as suas características e peculiaridades. O que precisamos entender é que todos nós temos de ter nossos direitos garantidos e todos os obstáculos devem ser removidos para que todos possam ganhar a vida em condições de igualdade”, avalia Sergio Murilo.
Carros, ferramentas e cidades inteiras são planejados para facilitar a vida humana. Sem esses projetos, nosso dia-a-dia não se pareceria nada com o que conhecemos e muitas regiões ainda seriam inabitáveis. Considerar a diversidade de escolhas e situações da vida em sociedade no momento da elaboração de grandes projetos como um evento esportivo internacional, é a proposta do CBSURF Maracaipe Surf Adaptado.
O assunto é tão importante para a nova gestão do órgão máximo do surfe no Brasil que já está confirmada a presença do Presidente Teco Padaratz e dos históricos nomes do surfe nacional que formam sua diretoria como Ricardo Bocão, Jojó de Olivença, Brigitte Mayer entre outras celebridades engajadas nessa causa como o recordista mundial de ondas grandes, Carlos Burle.
O CBSURF Maracaipe Surf Adaptado é o evento inédito no Brasil válido como seletiva para o mundial de Surf Adaptado da ISA. A imponente estrutura que já está montada em Maracaipe é digna de uma etapa do WSL. As especificações especiais que estão sendo implementadas garantem aos participantes um direito inalienável do ser humano, o de ser tratado com igualdade. Tais especificações devem se tornar padrão para todos os eventos da CBSURF.
A montagem da estrutura foi conduzida por Geraldo Cavalcanti, diretor de relações institucionais da CBSURF, contando com a consultoria da UNINASSAU e da ONG Rodas da Liberdade.
A ONG Rodas da Liberdade por sua vez, é um trabalho brilhante que apoia e busca soluções para os desafios de acessibilidade, comunicação e saúde de centenas de pessoas com necessidades especiais em Pernambuco.
O suíço Michel Eric é o coordenador dessa ONG que faz doações de cadeiras de rodas, ministra terapias e realiza palestras de motivação e inclusão social.
Quem quiser conhecer um pouco mais desse trabalho terá uma chance imperdível durante a programação de sábado do CBSURF Maracaipe Surf Adaptado. Michel ministrará uma vivência de meditação e falará mais sobre o seu projeto à partir das 17 horas na pousada oficial do evento, o Privê Pontal de Maracaipe.
Para quem já quer contribuir, a ONG Rodas da Liberdade aceita doações de todo o Brasil por meio da conta 107227-7, Agência 2138-5 do Banco do Brasil ou pelo PIX 08777258000100.
O CBSURF Maracaipe Surf Adaptado acontece entre os dias 14 e 18 de setembro e é uma apresentação da Lei de Incentivo ao Esporte do Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Educação e Esporte, patrocínio da Copergás, dos apoios da Prefeitura de Ipojuca, UNINASSAU, Privê Pontal de Maracaipe, Carvalheira, Nutrella, Grupo Bimbo, Surfland Brasil, Açaí do Joca Jr., Fuwax, ONG Rodas da Liberdade, Silverbay e realização da Federação Pernambucana de Surf em parceria com a Confederação Brasileira de Surf.
