Mês de novembro, verão a vista; sol, piscina e praia. Esse é o plano da grande maioria dos brasileiros para as esperadas férias do final de ano. Sim, nada mais justo que trocar o sapato e a roupa social, pelo chinelo e a bermuda. Mas infelizmente, durante esse período, um evento muito ruim acontece com maior frequência: o afogamento (44% ocorrem entre dezembro a março).
Estamos falando de um assunto muito sério, que supera 5.700 mortes por ano no Brasil. Os dados epidemiológicos são assustadores, por isso, a matéria desse mês vai ser voltada a esse assunto.
Eles acontecem na sua grande maioria em água doce, na região norte e nordeste e é a segunda maior causa de morte de crianças de 1 a 4 anos no Brasil, por isso a SOBRASA (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático), lança diversas campanhas de prevenção desse problema grave de saúde pública. Neste mês teremos a Semana Latino-Americana de Prevenção em Afogamentos, onde diversas ações de prevenção serão realizadas em toda América Latina.
Os locais de surfe estão frequentemente associados a riscos potenciais para os banhistas, incluindo fortes atividades de ondas, correntes e proximidade de cabeceiras, recifes e rochas. Cerca de 100.000 resgates por ano são realizados pelos guardas-vidas profissionais e surfistas voluntários, na costa do Brasil e aqueles que evoluem para um evento fatal normalmente acontecem em praias sem supervisão de guarda-vidas.
Muitos resgates são frequentemente atos impulsivos sem avaliação completa dos perigos e uma superestimação das habilidades do resgatador, o que pode resultar em situações altamente perigosas tanto para ele quanto para o afogado. Não é incomum que esses, na tentativa do resgate, se tornem vítimas também.
Dado o grande número de surfistas em nosso país e a sua frequente presença em locais perigosos, muitas vezes sem patrulhamento, é lógico supor que nós (surfistas), temos um grande potencial de desempenhar um papel significativo na prevenção e no resgate. Além disso, a prancha de surfe (nossa inseparável parceira) é o principal instrumento de flutuação necessário para o sucesso na cadeia de sobrevivência do afogado.
Por esse e muitos outros motivos, o conhecimento das ações do que fazer é primordial a todo surfista. Aqui no Brasil, a SOBRASA oferece cursos do “Surf-Salva” e a Surfing Medicine International (SMI) ministra os cursos de BSLS (“Basic Surf Life Suport” – Suporte Básico de Vida no Surfe) e o ASLS ( “Advanced Surf Life Suport”- Suporte Avançado de Vida no Surfe) ao redor do mundo, afim de orientar os surfistas para as ações mais adequadas nessas situações emergenciais.
Estudos mostraram que os surfistas com treinamento em segurança no mar, realizaram um número maior de resgates em comparação àqueles sem treinamento, e a grande maioria, estava muito feliz e satisfeita em salvar uma vida. Há fortes evidências que sugerem que esse grupo de surfistas está reduzindo ativamente o número de fatalidades que ocorrem ao longo da costa australiana.
O surfista também é uma potencial vítima, e não só os de onda gigante, como o caso da Maya Gabeira em Nazaré 2013, mas qualquer praticante de esporte aquático. O acidente fatal acontece quando não se espera, quando se menospreza a situação; no caso do surfe de onda gigante existe uma estrutura bem equipada de resgate. Num dia de ondas pequenas, onde tem se a falsa sensação de segurança, essa fatalidade também pode acontecer.
Hoje com o estilo progressivo em alta velocidade, uma manobra mal executada pode gerar um trauma grave e levar a um afogamento. Muito me preocupa esse “boom” das piscinas de onda, será que além dos milhões investidos em equipamentos também estão investindo em prevenção e suporte ao afogamento?
Prevenção é a melhor maneira de se manter saudável, por isso, antes de entrar no mar estude bem as condições, se informe com o guarda vidas local qual o melhor pico para o surfe, se atente à cadeia de sobrevivência e às cinco atitudes de “surf+seguro” (galeria acima).
Um ótimo e mais seguro verão a todos!
Agradecimentos especiais ao Dr. David Szpilman e toda equipe SOBRASA.