Alargamento da orla

Degrau aparece em Balneário Camboriú

Areia cede e forma degrau em Balneário Camboriú (SC) dez meses após alargamento.

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Problema acontece logo após eventos como as ressacas, diz prefeitura.

Um enorme degrau apareceu na Praia Central de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, nesta quinta-feira (20). O declive de areia chamou a atenção de turistas e moradores e surgiu dez meses depois do alargamento da orla da praia, uma das mais visitadas do estado. Um tubo de cimento também apareceu preso na areia.

Segundo a prefeitura, o degrau arenoso é um fenômeno chamado de escarpa e acontece logo após eventos como as ressacas, quando ondas fortes batem na costa. “Tivemos duas recentes”, diz o município, em nota.

A administração pública afirma que, “como já era previsto, temos contratado um projeto de contenção nesse pequeno espaço, que será feito com geotubos”.

Geotubos são bolsas de contenção, com areia sobre elas, colocadas nos locais mais afetados. “O projeto da obra já previa no perfil de construção areia a mais para suprir a conformação e equilíbrio da praia ao longo do tempo.”

Com o declive na areia, surgiu também um tubo de cimento que, segundo a prefeitura, era de um antigo restaurante flutuante ali ancorado antes do alargamento da orla. Ele será retirado em breve.

A obra de extensão da praia central de Balneário Camboriú custou R$ 66,8 milhões e durou de março a dezembro de 2021, interditando grande parte do acesso aos banhistas.

O projeto elevou o valor da venda de imóveis residenciais na cidade. Segundo o FipeZap, o aumento foi de 24,77% em maio de 2022, na comparação com os 12 meses anteriores.

No entanto, os impactos ao meio ambiente podem ser “nada desprezíveis”, avalia o biólogo e professor na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Paulo Antunes Horta Junior. Entre eles, fala o pesquisador, estão a redução da transparência da água, além de mudanças em ecossistemas.

Horta Júnior afirma que a dragagem da área remexeu poluentes acumulados no fundo do mar, também consumido por peixes e crustáceos –que, por sua vez, são consumidos pelos seres humanos.

“O fundo do oceano vai acumulando poluentes diferentes [ao longo dos anos]: metais pesados, hidrocarbonetos e mesmo aqueles poluentes emergentes como antibióticos, fármacos, microplásticos. Tudo isso vai afundando no fundo do mar”, diz Horta Junior.

Os impactos ambientais também são pontuados pela oceanógrafa e professora da Univali (Universidade do Vale do Itajaí) Débora Ortiz Lugli Bernardes, que destaca a importância de acompanhar a hidrodinâmica (direção das correntes) ao longo dos meses para avaliar novas alterações.

Fonte Folha de São Paulo