O calçadão da Praia Central, em Balneário Camboriú, no litoral norte catarinense, passará por obras de ampliação e reformulação a partir do final de março, de acordo com a prefeitura da cidade. A readequação de local será realizada após os vários problemas decorrentes do alargamento da faixa de areia da orla, que causaram polêmica durante o ano passado.
O novo projeto inclui a instalação de áreas de convivência, pistas de caminhada, três modelos diferentes de quiosques, locais para animais e áreas verdes ao longo da orla da praia alargada. A proposta também prevê a implantação de um novo sistema de drenagem para dispersar a água da chuva.
As primeiras imagens do projeto de reurbanização da Avenida Atlântica foram divulgadas em dezembro de 2021. Ainda não há valores finais definidos para a obra, mas a estimativa é que custe em torno de R$ 330 milhões, quase quatro vezes mais do que a ampliação da praia.
A megaobra de aumento da faixa de areia durou nove meses, entre março e novembro de 2021. O objetivo foi melhorar as condições ambientais e turísticas da região, permitindo a proteção da orla contra o avanço das marés e a criação de espaços com maior incidência de luz do Sol ao longo do dia – de modo a reduzir os efeitos do “paredão” de prédios na praia. O processo foi realizado em toda a orla, que passou de uma média de 25 para 70 metros de largura.
Polêmicas após a ampliação da faixa de areia
O alargamento da Praia Central causou uma série de problemas ambientais na região durante o ano passado. Alguns deles envolveram o surgimento de degraus e lagoas na faixa de areia, além do avistamento de tubarões nas proximidades da costa.
De agosto a novembro, quando a draga — responsável por pegar areia de uma jazida a 15 quilômetros da costa — passou a operar na obra, 30 tubarões foram vistos no mar da região, segundo a última atualização do Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, já era esperada uma mudança no conjunto de seres vivos, flora e fauna que habitam naquela região com a realização da obra.
A faixa de areia também provocou a sensação de “areia movediça” em quem caminhava à beira-mar, após as fortes chuvas que atingiram Santa Catarina em outubro. Três pessoas foram resgatadas após ficarem “atoladas” na faixa de areia naquele mês. Outras duas moradoras também precisaram do auxílio de guarda-vidas após ficarem presas na areia mole.
No mesmo mês, um “degrau” apareceu no local. O desnível é resultado da ação das ondas mais fortes e ocorre naturalmente, segundo engenheiros da prefeitura. Ao completar um ano da obra, a “lagoa” que já havia se formado ao menos duas vezes nos últimos dois meses e voltou a aparecer sobre a faixa de areia da Praia Central, no início da temporada de férias, após várias chuvas.
Ainda em dezembro, o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina apontou que a a água está totalmente imprópria para banho em 10 pontos da Praia Central. Segundo relatório do órgão, durante três semanas seguidas a qualidade do mar esteve igual. O resultado foi “diagnóstico da insuficiência do saneamento básico”.
Fonte O Globo