Projeto Jaimanitas

Incentivo a Cuba

Projeto Jaimanitas, promovido pela marca de pranchas Oric, pretende incentivar a prática do surfe em Cuba.

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Surfista cubano Gaston Pomares é um dos personagens do documentário produzido pela Oric.

A história de Cuba mistura muita beleza e pobreza. Ao mesmo tempo que a ilha possui belas praias e ondas incríveis, a prática do surfe ainda é controversa por lá. Em um passado recente, o governo local temia que seus moradores fugissem pelo mar, já que a Flórida fica a apenas 166 quilômetros de distância.

Desde o embargo que o país sofreu dos Estados Unidos, para onde 80% dos fugitivos iam, os esportistas precisam produzir suas próprias pranchas, que, muitas vezes, são simples pedaços de madeira. Fora isso, além de não dar incentivo algum para os surfistas, o regime socialista vê o surfe como algo marginal, o que fez com que grande parte da população absorvesse este preconceito.

E é exatamente esta realidade que Guilherme Paz, sócio-fundador da Oric Surfboards, quer mudar. No dia 30 de janeiro ele e a equipe da marca desembarcaram para uma viagem de 15 dias em terras caribenhas. “Vamos gravar um documentário, além de realizar diversas ações de divulgação e incentivo ao surfe no país”, conta Paz.

Em agosto de 2017, em uma viagem à ilha, eles conheceram o surfista Gaston Hernandez Pomares. Vendo o talento do cubano e as condições precárias em que ele surfava, Guilherme viu a chance de mudar mais que uma vida e mostrar que é possível um novo caminho por lá. Foi aí que ele se tornou mais um atleta Oric e entrou para um grupo de amantes do esporte formado por nomes como Paulo Zulu, Pâmella Mel e Gustavo Borges

“A cada dia Gaston se destaca em Havana com sua prancha Oric. Levamos equipamento completo para ele na última vez que estivemos lá. E ele está fazendo acontecer. Inclusive, fizemos uma escolinha de surfe em Cuba e ele vestiu a camiseta. Dá aula para quem quer aprender a surfar e a cada dia descobre jovens que podem se tornar os próximos profissionais. É o esporte como agente de mudança social. Foi dai que nasceu o Projeto Jaimanitas”, diz Paz.

A praia que leva o nome do projeto e onde Gaston aprendeu a amar o surfe tem o acesso proibido. Ele entra lá com a ajuda de um vizinho, que tem sua casa em frente ao mar, já que o governo não permite que ninguém pratique esportes no local.

O Projeto Jaimanitas quer transformar o surfe em uma paixão. Despertar nos cubanos tudo de bom que o mar, as ondas e a praia podem proporcionar aos atletas. A missão inicial é mostrar que surfe não é um esporte marginal, tanto é que virou esporte Olímpico. Aprovado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), os jogos de verão de Tóquio serão os primeiros a contar com a modalidade.

Outro ponto forte do documentário será a história de Javier Morales, de 37 anos, com quem Guilherme Paz e toda Oric trabalham diariamente e descobriram tudo o que se passa em Cuba. Responsável pelo acabamento das pranchas na empresa, ele mora em Porto Alegre há quase uma década e não vê sua família desde então. Os papos entre Morales e a equipe sempre esbarram em como a situação por lá é deprimente e como eles possuem tudo para se tornarem uma das referências no suref. Uma das propostas principais do documentário é promover o reencontro entre Javier e sua mãe, que quer conhecer seu neto e nora.

No documentário, quem também estará presente é o surfista carioca e praticante de kitesurf Léo Chinês, que vai surfar junto com os cubanos. A Oric vai explorar Havana e seus arredores em busca de ondas. A previsão para o lançamento do documentário ainda não foi definida.