Fatalidade na Indonésia

Onda afunda submarino?

Conheça o fenômeno das "ondas internas", que pode ter sido a causa do afundamento de um submarino na Indonésia; todos os 53 tripulantes foram mortos.

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Submarino NRI Nanggala afundou na Indonésia e matou os 53 tripulantes.

O afundamento de um submarino NRI Nanggala, com 53 tripulantes, pode ter sido causado por um fenômeno natural chamado “onda interna solitária”, apontam informações dadas pela Marinha da Indonésia e reproduzidas pelo canal Histórias do Mar.

Muito pouco conhecido fora do meio científico, o fenômeno é uma espécie de onda submersa. Comparando com viagens aéreas, ela provoca um efeito parecido com a turbulência em aviões.

Dependendo da região e da topografia do leito marinho, elas se tornam bem mais intensas do que uma simples turbulência no ar. E são mais comuns do que se pode imaginar.

Mesmo princípio das correntes de ar

No céu, quando o vento passa sobre uma colina íngreme, o ar é empurrado para cima, em um movimento contrário ao da gravidade. Mas, ao ser superado o obstáculo, a gravidade volta a agir e o movimento torna-se inverso, acelerando o ar para baixo. É o que acontece também no mar.

As “ondas internas” ocorrem quando os movimentos mais intensos das marés passam por grandes obstáculos no fundo do mar. Mas só ganham dimensões realmente relevantes quando isso acontece em áreas onde há grande variação na densidade da água (temperatura e salinidade), entre a superfície e as partes mais profundas.

Quando essa “turbulência submarina” rompe a divisão das águas com diferentes densidades, surge uma “onda interna”.

E quando essa onda se superpõe a outras, acumulando toda a energia em uma só onda, que gera um fortíssimo movimento circular submerso, surge uma onda solitária interna – que é bem mais forte do que as ondas internas convencionais.

Área de risco

No mesmo dia e horário, um satélite meteorológico japonês havia detectado a presença de movimentos de ondas internas na região onde ocorreu a tragédia.

Porém, não era nenhum fato raro, porque toda aquela região, com intenso fluxo de água entre os oceanos Pacífico e Índico, e fundo marinho bastante acidentado, sempre foi propícia a formação desse tipo de ondulações.

Ali, no entanto, o fenômeno é particularmente bem mais comum e intenso, fruto da combinação de grandes marés com altas montanhas submersas, que potencializam os efeitos das “ondas internas”.

Fenômeno comum

“O mar da Indonésia concentra cerca de dez por cento das marés mais enérgicas do planeta”, atesta a oceanógrafa Bernadette Sloyan, do Instituto Oceânico e Atmosférico do Austrália. “E isso gera constantes instabilidades entre a superfície e as partes mais profundas, por conta das diferentes densidades em diferentes camadas de água”.

Na região, o fenômeno costuma ocorrer mais de uma vez por mês. E, para azar dos submarinistas indonésios do NRI Nanggala, pode ter ocorrido justamente quando eles estavam submergindo, não permitido uma reação a tempo.

Quando muito intensa, uma onda solitária interna, que cumpre movimentos circulares, leva para o fundo o que encontra pela frente. Uma delas pode ter provocado a descida acelerada e descontrolada do submarino, fazendo-o submergir muito mais do que poderia, o que gerou o colapso da sua estrutura, pelo aumento da pressão no fundo do mar.

Outras hipóteses

Ao serem encontrados, os destroços do submarino indonésio estavam fragmentados em três partes, a 853 metros de profundidade – bem mais fundo do que ele fora projetado para suportar.

Embora este possa não ter sido o único motivo (geralmente, grandes acidentes são causados por uma fatal combinação de erros ou fatores), é, até o momento, o que melhor explica o naufrágio do NRI Nanggala, já que, segundo a Marinha da Indonésia, ao submergir, ele não mostrou nenhum indício de perda de energia ou pane elétrica a bordo, como inicialmente havia sido apontado como sendo a causa do desastre.

As autoridades também negaram que o acidente tenha tido a ver com a idade avançada do submarino, que foi construído 40 anos atrás, ou com a precariedade na sua manutenção, já que a última grande revisão pela qual ele passou aconteceu em 2012.

Fonte Histórias do Mar