A morte de um turista norte-americano na última sexta-feira (16) na Ilha Sentinela do Norte, território que pertence à Índia, expõe mais uma vez os perigos de uma região com alto potencial para o surfe no Oceano Índico.
Identificado como John Allen Chau, o turista foi morto por aborígenes depois de ter sido levado ilegalmente por pescadores até as proximidades de Sentinela do Norte. O último trecho teria sido feito por uma canoa. Membros da tribo que vivem nesse território, avistaram o homem chegando e o mataram a flechadas.
A ilha de Sentinela do Norte fica no coração do arquipélago de Andaman, local que recebe consistentes ondulações do Oceano Índico. Com 572 ilhas, Andaman é explorada por surfistas desde os anos 1960, mas o surfe ou qualquer presença estrangeira é expressamente proibida pelo governo indiano em Sentinela do Norte.
No século XIII, quando o navegador Marco Polo explorou o território, descreveu os habitantes locais como a raça mais brutal que já havia visto. “Possuem cabeças, olhos e dentes de cães que matam qualquer forasteiro em que conseguem colocar as mãos”.
O arquipélago de Andaman ainda abriga vários povos selvagens que tiveram pouco ou nenhum contato com a civilização moderna. Em Sentinela do Norte já aconteceram vários casos de brutalidade do povo local, um dos últimos pré-neolíticos do mundo.
Em 1996 caçadores desavisados chegaram ao local e foram mortos pelos nativos. Em 2004, depois do tsunami que devastou a região, autoridades indianas ofereceram ajuda e acabaram expulsos com flechadas. Já em 2006 dois pescadores foram assassinados depois de entrarem em território proibido.
Imagens feitas pelo Google Earth mostram que a costa sul de Sentinela do Norte é aberta para o Oceano Índico e recebe o mesmo swell que Banda Aceh e províncias ocidentais da Indonésia. Na ponta mais ao sul há um canal e um recife de coral que parece proporcionar boas esquerdas de um lado e uma direita do outro.
A polícia ainda investiga por que Chau se aventurou pela região. Segundo fontes locais, o norte-americano era um pregador que já havia visitado o arquipélago cinco vezes. Aparentemente, ele tinha uma grande vontade de se encontrar com os habitantes de Sentinela do Norte para rezar e “levar o cristianismo” à ilha.
A organização Survival International, que defende os direitos das tribos aborígenes do mundo, lamentou a morte de Chau e criticou a Índia por não proteger adequadamente a ilha, “para a segurança tanto da tribo como dos estranhos”.
Com informações de El País e Swellnet.