Antes da era WSL, antes mesmo do estrelato de Kelly Slater, o circuito mundial era comandado pela ASP (Association of Surfing Professionals) — e estar entre os Top 16 do Circuito Mundial era o sonho máximo de qualquer surfista profissional.
O ano era 1986, Tom Curren havia acabado de conquistar seu primeiro título mundial, Mark Occhilupo era o único capaz de vencê-lo com consistência, e brasileiros? Nenhum entre os principais nomes do ranking.

Naquela época, a estrutura do tour era diferente: entre 20 e 30 eventos por temporada, com níveis distintos de pontuação (classificações A e AAA).
Cada etapa oferecia uma bateria de triagem (os “trials”), aberta a qualquer profissional determinado o suficiente para tentar um lugar ao sol.
Poucos conseguiam atravessar essa barreira e, caso passassem, enfrentariam os ranqueados do top 30.

Já os Top 16 tinham o privilégio de estrear direto na segunda fase, o que significava que duas vitórias bastavam para chegar às quartas de final. Um atalho estratégico que se conquistava surfando o tour inteiro no ano anterior.
O nível de surfe, mesmo em ondas medianas, era altíssimo. A geração que dominava os line-ups misturava técnica, instinto e carisma.
Além de Curren e Occy, figuravam entre os melhores Tom Carroll, campeão mundial em 1983 e 1984, Martin Potter, Gary Elkerton (o “Kong”), Shaun Tomson e os futuros campeões mundiais Damien Hardman, Derek Ho e Barton Lynch.
Todos na casa dos 20 e poucos anos, todos levando o surfe a um novo patamar. Nomes como Mitch Thorson, Charlie Kuhn, Gary Green, Glen Winton, Hans Hedemann e Brad Gerlach também apareciam entre os destaques daquele ano.

Era uma era onde estilo, potência e atitude pesavam tanto quanto resultados. Enquanto isso, o Brasil ainda caminhava à margem. Surfistas brasileiros participavam dos trials e, ocasionalmente, apareciam no evento principal, mas ainda estavam longe de alcançar o Top 16.
A hegemonia era australiana, americana e sul-africana. A chamada Brazilian Storm ainda levaria mais de uma década para se formar.

Essa fase do circuito é um lembrete poderoso de quanto o surfe evoluiu — e de onde o Brasil veio.
Ver esse material histórico com surfistas como Curren e companhia em ação, é mergulhar num passado onde o surfe mundial ainda não tinha sotaque português, mas já mostrava as pistas do que viria.
Destaques do vídeo (por ordem de aparição)
00:06 – Mitch Thorson
00:35 – Charlie Kuhn
02:27 – Gary Green
03:41 – Derek Ho
06:10 – Barton Lynch
08:17 – Michael Burness
10:37 – Brad Gerlach
12:30 – Shaun Tomson
14:36 – Glen Winton
18:45 – Hans Hedemann
20:02 – Damien Hardman
22:55 – Martin Potter
26:37 – Gary Elkerton
30:34 – Mark Occhilupo
36:05 – Tom Carroll
40:11 – Tom Curren
Fonte 2 HitWonder