Rodrigo Koxa é detentor do recorde de maior onda já surfada na história. A bomba de 24,38 metros foi surfada em 2017 em Nazaré, Portugal, e rendeu ao surfista o título do Big Wave Awards, o Oscar de ondas grandes, e o registro no Livro dos Recordes. Desde então, ela virou referência como onda a ser batida, mas o recorde segue intacto. Em recente entrevista ao UOL Esporte, o big rider fez duras críticas a grande quantidade de matérias recentes sobre possíveis quebras do seu recorde.
“É sem critério, sem fundamento, sem credibilidade. Todo ano virou uma avalanche de matérias especulando as tais quebras de recorde. A vontade que eu tenho é falar ‘vocês estão tudo loucos’, ‘cadê o jornalismo?'”, questionou. “Não quero ser um atleta que fica parecendo que está gritando ‘a minha é maior’. Se o cara pegar a onda maior que a minha, eu vou repostar e escrever: agora a onda referência é essa”, acrescenta.
Para citar alguns exemplos, noticiou-se em 2020, na imprensa portuguesa, que uma onda surfada pelo local Tony Laureano teria 30,9 metros. Aqui no Brasil, Lucas Chumbo venceu o Gigantes de Nazaré recentemente com uma bomba estimada em 29,67 metros pelo sistema de medição estabelecido no programa da TV Globo.
Rodrigo Koxa questiona, especialmente, a abordagem que a mídia tem dado para medições não oficiais. “Estamos vivendo um mundo de fake news. Alguém tem que parar e falar: ‘Peraí, quem mediu? Onde está a base da onda? As ondas estão sendo medidas por vídeo’? São medições de profissionais da área, mas é especulação, assim como a minha foi medida por 32, 38 metros…”, conta o paulista de 42 anos.
“Eu quero ver depois que sair o resultado (do Big Wave Awards) se a mídia vai fazer uma nota dizendo que a onda não tinha aquele tamanho, porque das outras vezes não fizeram nada. Tá uma lavagem cerebral, e eu acho feio”, complementa.
Para Rodrigo Koxa, é preciso fazer justiça e levar em conta todos os critérios adotados pela WSL para colocar uma onda em disputa pelo recorde. Foi o que ele mesmo fez depois de surfar a bomba que, meses depois, marcaria seu nome na história do Livro dos Recordes.
“Eu cheguei a fazer a mesma coisa. Quando achei que tinha surfado uma onda maior que a do Garrett (McNamara, antigo detentor do recorde], a gente mediu, mas tentamos ser totalmente justos. Era a foto dele que venceu o XXL Big Wave Awards do lado da minha, em alta resolução. E outra: eu não medi frame da minha onda, senão dava bem mais. Teve medição da minha que deu 38 metros. E quando me perguntam hoje qual o tamanho da minha onda eu falo 24, não falo a medição subjetiva. Eu falo a medição oficial, que é da entidade responsável pelo surfe, a WSL. Se eles (WSL) estão fazendo certo ou não, eles são os responsáveis e já servem de parâmetro há muito tempo. Você mudar um parâmetro hoje é muito complicado, porque você tem que refazer tudo que foi feito lá atrás. Ou você refaz de tudo, ou você mantém o que está”.
“Tem que ter esse critério. Primeiro o vídeo mostrar a trajetória, o comprometimento e se a onda foi sólida. Depois, na foto, ver a qualidade com pixels para traçar uma medição com mais precisão. E isso que acho que não tem sido feito”.
Para Rodrigo Koxa, a corrida para se obter o novo recorde tem se tornado algo político e cheio de interesses, o que acaba deixando de lado a essência do esporte e do surfe. Ele cita o exemplo do que aconteceu em 2021, quando o alemão Sebastian Steudtner venceu o Big Wave Awards.
“No ano passado, todo mundo sabia que a maior onda era do Sebastian, e, mesmo assim, os atletas e mídias fazem uma medição de interesse próprio, que atenda a popularidade. Isso não é esporte, não é ciência, é política”, opina.
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