Uma equipe de cientistas liderada por Adeene Denton, da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, analisou a superfície da lua Mimas, de Saturno, para entender melhor como ocorreu sua evolução interna. Com simulações numéricas da bacia de impacto Herschel, eles descobriram que a estrutura da bacia e a ausência de placas tectônicas ali são compatíveis com uma camada congelada e um oceano geologicamente jovem.
O novo estudo vem após um cientista do Instituto de Pesquisa do Sudoeste (“SwRI”, na sigla em inglês) descobrir evidências de que esta lua, a menor e mais interna de Saturno, poderia gerar calor suficiente para conter um oceano interno líquido. “Se Mimas tiver um oceano, ela representa uma nova classe de mundos com ‘oceanos furtivos’, com superfícies que não ‘traem’ a existência do oceano”, disse Alyssa Rhoden, coautora do estudo.
Para entender melhor a possibilidade de Mimas abrigar um oceano em seu interior, Denton e Rhoden modelaram a formação da bacia de impacto Herschel com a ajuda de um software de simulação. Os modelos mostraram que a camada congelada de Mimas tinha que ter pelo menos 55 km de espessura quando aconteceu o impacto que formou a cratera Herschel.
Por outro lado, as observações da lua e os modelos de seu aquecimento interno mostram que a camada não deve passar dos 30 km de espessura, caso exista um oceano ali. Portanto, os resultados sugerem que um oceano existindo atualmente em Mimas pode estar em processo de expansão desde quando a bacia foi formada. Além disso, é possível que a lua estivesse completamente congelada no momento em que o impacto aconteceu.
Ainda, eles descobriram que a presença de um oceano interno nos modelos de impacto deram origem à forma da bacia observada. “Descobrimos que a cratera Herschel não poderia ter sido formada em uma camada congelada com a espessura atual, sem destruir a camada gelada no local do impacto”, acrescentou Denton.
Caso Mimas ainda tenha um oceano hoje, o gelo está perdendo espessura desde a formação da cratera, o que explicaria a ausência de fraturas no relevo da lua. Entretanto, Rhodas destaca que, embora os resultados evidenciem a presença do oceano, elas ainda não conseguiram unir as características orbitais e geológicas de Mimas com o que se sabe atualmente sobre sua evolução térmica e orbital. Assim, mais estudos são necessários para a compreensão do possível oceano ali “Mimas é um alvo atraente para investigações contínuas”, finalizou.