Ondas proibidas

Surfistas presos no Rio

Polícia Militar prende dez pessoas que surfavam na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ).

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Visual de Ipanema: surfe está proibido no Rio de Janeiro desde o último mês de março (foto de arquivo).

Dez surfistas foram presos no último fim de semana (16 e 17) por descumprirem o decreto estadual que proíbe a frequência de pessoas nas praias do Rio de Janeiro (RJ).

Um deles foi um aposentado de 59 anos. Surfista amador, ele foi preso na manhã de sábado depois de ser flagrado pegando onda na Praia do Leblon, em frente à Rua Aristides Espínola, sozinho.

“De nada adiantou eu contar a minha história para os policiais militares. Há cerca de um ano eu caí do pico de uma onda e bati na base com uma das orelhas. Tive o tímpano perfurado. E desde então uso protetores auriculares. Eu não ouvi os apitos”, contou ao Jornal Extra.

“Peguei apenas duas ondas e saí rapidamente quando vi os acenos dos policiais. Conversei com eles, mas não teve jeito. Tive que deixar minha prancha no posto 12 para ir à 14ª DP (Leblon), onde assinei um termo circunstanciado por infração de medida preventiva”, revelou o aposentado.

Segundo a PM, no último fim de semana foram efetuadas dez prisões de pessoas que estavam praticando a atividade na orla do Leblon e Ipanema. Segundo a assessoria da PM, diante de uma situação de descumprimento, os policiais militares nas areias tentam verbalizar e alertar os cidadãos.

Enquanto esportistas eram presos na Zona Sul, nas praias da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes a prática do esporte no fim de semana foi intensa. O presidente da Associação de Surfe da Barra da Tijuca, Milton Waksman, comentou que é muito difícil para a Polícia Militar fiscalizar duas praias tão grandes.

“É humanamente impossível que policiais militares consigam fiscalizar quilômetros e quilômetros de praias. Por isso, no fim de semana, muitos surfistas entraram na água sem serem incomodados”, analisou Waksman.

Presidente da Federação de Surfe do Estado do Rio de Janeiro (Feserj), Guilherme Aguiar acredita que essas prisões ocorrem, principalmente, porque há uma certa confusão em relação à prática de esportes individuais ao ar livre na cidade. “O que é permitido? Vemos muitas pessoas praticando exercícios no calçadão, muitas vezes em situação de aglomeração, sem serem importunadas pela polícia”, questionou o dirigente.

Para Guilherme, seria interessante que o Governo analisasse a possibilidade de flexibilizar a prática de surfe e criasse uma diretriz única em toda a cidade para os esportes praticados ao ar livre. “Poderiam levar ao debate a opinião dos inúmeros profissionais de saúde que recomendam a prática destes esportes, seguindo os protocolos sanitários para a manutenção da saúde física e mental do indivíduo neste período de restrições tão duras”, finalizou o presidente da FESERJ.

A Polícia Militar ressalta em nota que, desde a adoção das primeiras medidas restritivas implementadas pelo Governo do Estado, tem desenvolvido trabalho de conscientização, inclusive com divulgação pelo sistema de alto-falantes das viaturas em diferentes idiomas para orientar sobre os riscos de aglomerações.

Ainda de acordo com a PM, as equipes atuam com os recursos operacionais disponíveis, mas há fatos que, segundo a instituição, extrapolam a capacidade operacional.

Fonte Jornal Extra