As Ilhas Cagarras e Águas do Entorno (RJ) foram nomeados como Hope Spot (Ponto de Esperança) do litoral brasileiro. O título é dado pela pela Mission Blue, uma organização internacional que trabalha pela conservação marinha.
A cerca de cinco quilômetros da Praia de Ipanema, as Ilhas Cagarras estão situadas próximas a um ponto de grande movimentação urbana na cidade. Mesmo assim, se mantém como referência de conservação e abrigo da biodiversidade.
“Embora localizadas em uma área metropolitana densamente povoada, essas ilhas permanecem um farol de esperança para a biodiversidade, abrigando várias espécies endêmicas e servindo como berçário e área de alimentação para muitas outras”, informa texto publicado no site da Mission Blue.
Com a nomeação, a região recebe reconhecimento como área de alta relevância para conservação marinha no mundo, fazendo parte de uma larga rede de colaboração entre entidades de conservação ambiental.
Até então, apenas os Recifes de Corais dos Abrolhos detinha esse reconhecimento em águas brasileiras. Há aproximadamente outros 130 Pontos de Esperança já nomeados no mundo todo, incluindo as Ilhas Galápagos e a Grande Barreira de Corais na Austrália.
Critérios de nomeação
Desde 2010, as Ilhas são consideradas Monumento Natural Federal e constituem a primeira Área de Proteção Marinha no Rio de Janeiro.
A indicação da área para ser um novo “Hope Spot” no Brasil foi realizada pelos projetos Ilhas do Rio e Verde Mar. Para ganhar o título, as Ilhas atenderam aos seguintes requisitos da Mission Blue:
Ter uma abundância ou diversidade especial de espécies, espécies incomuns ou representativas, habitats ou ecossistemas; populações particulares de espécies raras, ameaçadas ou endêmicas e potencial para reverter danos de impactos humanos negativos.
Além disso o local deve ter a presença de processos naturais, como grandes corredores de migração ou áreas de desova; valores históricos, culturais ou espirituais significativos e particular importância econômica para a comunidade.
Lazer e conservação
A orla do Rio de Janeiro enfrenta um tráfego pesado de navios e abriga pesqueiros industriais que ameaçam as populações remanescentes de espécies marinhas sensíveis. Além disso, a apenas 1 km está o Emissário Submarino de Ipanema, que despeja esgoto bruto direto na água, prejudicando gravemente a qualidade da água.
Apesar de a proximidade com o centro urbano representar um maior contato com meios poluentes, pesquisadores acreditam que a curta distância pode ter um lado positivo para despertar a conscientização por meio do turismo e lazer nas ilhas.
“O Hope Spot e seus tesouros estão ao alcance de todos, não apenas dos cientistas”, explica a Dr. Aline Aguiar, fundadora do Instituto Mar Adentro. “As Ilhas Cagarras estão perto da costa e muitas pessoas já gostam de mergulhos e passeios de barco para admirar a vida selvagem”, diz. “Esperamos poder inspirar mais pessoas a trabalhar para proteger o meio ambiente natural e compreender a importância da conservação ambiental e do uso sustentável dos recursos”, ressalta.
Rica biodiversidade
As Cagarras são alguns dos maiores locais de construção de ninhos do Atlântico Sul para fragatas e atobás-marrons. Existem cerca de 5.000 e 2.500 indivíduos restantes no meio ambiente.
Seis espécies de cetáceos habitam as águas das ilhas em diferentes períodos do ano, incluindo baleias-de-Bryde, baleias-jubarte e golfinhos-nariz-de-garrafa. As baleias jubarte também usam a área como corredor quando migram das águas frias da Antártica para o Nordeste do Brasil.
A área serve de alimentação para tartarugas-verdes e tartarugas-de-pente. Os polvos e as lagostas chamam o MPA e as águas circundantes de lar, bem como o peixe-anjo francês e o peixe-borboleta.
Acompanhe os projetos Ilhas do Rio e Verde Mar em ilhasdorio.org.br e projetoverdemar.com.
Clique aqui para ler uma homenagem de Túlio Brandão às Cagarras em sua coluna Leitura de Onda.
