Tetracampeã mundial, a havaiana Carissa Moore é expoente de uma geração responsável por alavancar a performance do surfe feminino mundial.
Natural de Honolulu, a atleta de 27 anos é dona de um dos estilos mais progressivos do Tour e já provou que também apavora em lugares como Pipeline e Teahupoo.
Recentemente, Carissa protagonizou o filme Riss, dirigido por Peter Hamblin e que foca no lado pessoal da atleta durante a conquista do quarto título mundial em 2019.
Na entrevista abaixo, concedida com exclusividade ao Waves, Carissa fala sobre as suas inspirações, planos futuros, conquistas e também avalia a nova geração do surfe feminino.
Além da performance, como foi mostrar seu lado pessoal no filme Riss?
Eu realmente curti mostrar esse lado pessoal. Penso que a maioria só enxerga os atletas através dos campeonatos ou entrevistas gravadas. Queria que as pessoas vissem as diferentes personalidades e coisas que me fazem ser assim. O diretor do filme, Peter Hamblin, tornou o processo muito discreto e me senti muito confortável em ser eu mesma com ele e sua equipe.
Quem são as suas principais inspirações no surfe?
Bethany Hamilton, John John Florence, Mick Fanning, Kelly Slater, Andy Irons e Stephanie Gilmore.
Quais os maiores obstáculos superados na conquista do tetracampeonato?
Penso que o maior obstáculo foi superar as minhas próprias dúvidas, aprendendo a deixar as coisas rolarem, confiar e ter fé.
O que você achou da decisão da WSL de adiar todos os eventos até junho pelo menos?
Neste momento, acredito que foi a melhor decisão para todos. Mas estou otimista de que novas coisas irão acontecer em breve.
Como você enxerga esse novo formato proposto pela WSL para o CT?
Acho que este novo formato é empolgante. É diferente. Seria algo novo, não só para espectadores e fãs, mas também para os atletas. Acho que ainda terá alguns ajustes, mas penso que isso manteria o engajamento até o fim e daria ao atleta o controle sobre o próprio destino.
De qualquer maneira, em 2020 você tinha planejado tirar um ano “sabático”, porém o imprevisível aconteceu para todo mundo. Quais seriam os novos planos?
Minha esperança é voltar a competir em tempo integral no CT em 2021, mas vou esperar ouvir como tudo funcionará na WSL a partir de agora. Por enquanto, só estou vivendo e aproveitando esse tempo off ao máximo.
Qual a tua opinião sobre uma possível inserção de Teahupoo e Pipeline no circuito feminino? Você acha que todas as etapas deveriam ser as mesmas para os homens e mulheres, ou prefere o calendário antigo?
Acho que a possibilidade de ter eventos em Teahupoo e Pipeline é muito intrigante. Acredito que existem certas condições que são mais adequadas para as mulheres do que outras.
Pipeline, por exemplo, seria difícil para mim por causa da dificuldade em pegar ondas e treinar por lá. Já Teahupoo poderia ser um ótimo local, porque acho que há mais oportunidades para nos prepararmos e nos sentirmos confortáveis.
Apesar da pausa no circuito mundial, você pretendia competir nas Olimpíadas. Como você avalia a inclusão do surfe nos Jogos?
É uma oportunidade incrível ter o surfe como parte das Olimpíadas. Faz muito tempo que esperamos por isso, embora que com a Covid-19 precisaremos esperar por mais um ano. Mas estou muito empolgada por representar o meu país e ver o surfe reconhecido em um palco mundial.
Vimos que você tem ajudado bastante a comunidade nesse tempo de pandemia. Como tem lidado com isso?
É um momento sem precedentes. Há muito medo e incerteza, só quero incentivar todos a fazer sua parte e cuidar um do outro.
Assista ao documentário Riss na íntegra:
Como você avalia a nova geração do surfe feminino e a atual evolução do esporte entre as mulheres? Quais os novos talentos que você recomendaria ficarmos de olho?
O futuro do surfe feminino e das mulheres no esporte em geral me parece brilhante. Sinto que estamos apenas arranhando a superfície e que um movimento real está acontecendo. Há duas ou três vezes mais garotas no lineup do que quando comecei. Garotas para ficar de olho: Bettylou Sakura Johnson, Vaihiti Inso, Erin Brooks e Molly Picklum.
O que mudou no surfe feminino como um todo desde que você começou no circuito até os dias de hoje?
Muitas coisas mudaram desde que comecei no Championship Tour, em 2010. Houve um aumento significativo na premiação em dinheiro, nos deram melhores etapas e representação. Também conquistamos mais respeito e reconhecimento dos nossos colegas do masculino, o que significa muito.