Guga Arruda

Foguetes afinados

Surfista profissional e shaper, Guga Arruda revela os segredos para criar o equipamento mágico.

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Comecei a fabricar pranchas de surfe ainda durante minha carreira como competidor profissional, sempre na busca pela alta performance. O meu objetivo não era vender pranchas, mas sim surfar bem, vencer campeonatos e ganhar a premiação.

Logo percebi que a prancha fazia toda a diferença, que algumas têm mais velocidade que outras e que as mais leves têm movimentos mais rápidos e sobem com mais facilidade, especialmente para os aéreos e giros. Porém, as mais leves feitas no método comum não duravam muito e as pranchas mágicas nunca eram reproduzidas com precisão.

Um bom surfista não erra uma rasgada de frente com uma prancha boa. Se você é um bom surfista e errou a rasgada duas vezes seguidas, pode sair da água e trocar de prancha – ou pelo menos de quilhas.

Você não está errando a rasgada porque dormiu mal, porque bebeu uma cerveja ou porque o mar está ruim, você está errando porque a pranchas está enterrando, é um instrumento desafinado.

Várias vezes na minha carreira e dos meus amigos profissionais, uma prancha mágica fez toda a diferença em uma sequência de vitórias e bons resultados. Com a mesma prancha, o surfista fez o momento mais brilhante de sua carreira até essa prancha quebrar. E não é coincidência, depois que ela quebrou, o surfista não teve mais os mesmos resultados.

O método Powerlight nasceu para copiar essas pranchas mágicas e fazê-las leves, fortes e com a flexibilidade controlada. Comecei a estudar diferentes formas de construir pranchas leves e fortes há cerca de 20 anos no Havaí, em parceria com o saudoso amigo e mestre dos shapes, Fernando Sheena.

As primeiras foram as Surflight Hawaii, pranchas flexíveis feitas com fibra de carbono por dentro. Variando a espessura da estrutura e a quantidade de carbono, criamos uma unidade de medida de flexibilidade, pois percebemos que a flexibilidade, apesar de pouco estudada no mercado de pranchas, era fundamental no funcionamento delas e um dos motivos pelo qual não se conseguia reproduzir a magia das pranchas.

Mais tarde, no Brasil, comecei a fazer pranchas sem longarina, com fibra de kevlar e carbono, mas gostei mesmo das pranchas que fiz com as bordas de carbono, essas proporcionaram a performance que eu queria na época.

Depois encontrei no revestimento com lâminas de madeira o carro chefe do meu quiver e do meu negócio: pranchas leves, muito fortes e com a flexibilidade perfeita.

Sigo estudando e testando as diferentes construções de pranchas e variedades de material. Continuo usando pranchas de PU com longarina de método comum para desenvolver novos modelos, mas, em meus 45 anos, estou convencido de que eu alcanço as minhas melhores performances com pranchas sem longarina revestidas em madeira ou com as bordas de carbono.

No vídeo acima vocês podem ver cada uma delas em ação.