Previsão da ondas

Swell a caminho da Bahia

De acordo com o oceanógrafo Heitor Tozzi, swell consistente deve atingir litoral da Bahia a partir desta quinta-feira (25), com condições favoráveis para o surfe.

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Podemos observar muitas diferenças entre El Niño e La Niña, talvez a principal é que as tempestades se afastaram da costa do Rio Grande do Sul e Uruguai. Esse período também tem como característica a oscilação entre uma sequência de tempestades e um período de calmaria na agitação do Atlântico Sudoeste, que permite o Sol esquentar a Região Sul. O conhecido “Veranico de Maio”.

Conforme falado, entre domingo e segunda tivemos uma linha de instabilidade no Sul e um rápido ciclone passando pela Bacia das Malvinas. Rápido mesmo, mas colocou uma ondulação de 1 metro que passou pela costa gaúcha, depois pela catarinense e chegou ao Rio de Janeiro.

Durante os dias de veranico, que pode durar uma semana. As condições das ondas oscilam, assim a previsão é para chegada de ondas em diferentes direções (sudeste / sul, sudeste / leste) ao longo da semana, tipo sobe e desce, como uma gangorra. Esquenta porque a alta pressão subtropical domina a Região Sul e afasta as tempestades.

Mas elas continuam passando, porém não com a mesma pressão e intensidade. Uma resposta ao pulso de frio do início de maio, temos um pulso de calor no final de maio.

Previsão das ondas

O modelo europeu (ECMWF) apresenta ondas maiores que o modelo GFS e o ICON, então podemos ver que mesmo os modelos ficam indecisos com esta situação de verão fora de época. Na região Sul teremos ondas entre 0,5 e 1 metro, fracas com período entre 6 e 8 segundos, vento Leste-Nordeste e aquele marzinho pequeno e gelado até quinta-feira (25), quando a ondulação de Leste ganha mais força pela influência do anticiclone subtropical, do Atlântico Sul (alta pressão subtropical).

No litoral de Santa Catarina o modelo aponta condições diferentes do RS, o que mostra justamente esta inconstância nas ondulações desta semana.

Previsão do modelo ECMWF para quinta-feira na Região Sul.

Na Região Sudeste o mar também sobe na quinta, mas a ondulação de Leste apresenta um pouco mais de força na costa do Rio de Janeiro e na costa Sudeste/Nordeste (norte do Rio, ES e sul da Bahia). O período curto entre 7 e 10 segundos, mostra que as ondas não terão muita força e a altura significativa fica na casa de 1 metrão.

Previsão do Modelo ECMWF para quinta-feira na Região Sudeste e sudeste/nordeste.

Na região Nordeste (Salvador até o RN) a ondulação de Leste entra com um pouco mais de força, porém fica na casa do 1 metrão durante todos estes dias, e terça a sábado, com leve subida na quinta.

O período das ondas fica na casa dos 8 a 10 segundos, embora o modelo diga que podemos esperar uma ondulação de fundo de 13 segundos para esta quinta-feira. Isso pode favorecer condições melhores de ondas para a região da costa baiana.

Previsão do Modelo ECMWF.

Na região Norte, as condições ainda se mantem fracas, com ondas de 0,5 metro e período de 7 a 8 segundos. E na quinta-feira também é esperada uma subida rápida, com ondas podendo chegar a 1,5 metro, embora eu pense que também não vai passar de 1 metro.

Os ventos devem ser fracos esta semana vindos de leste, intensificado somente na quinta e sexta-feira.

Na sexta-feira (26) o modelo prevê uma ondulação mais forte de leste na costa sul e sudeste, pela intensificação dos ventos da alta subtropical, que se preparam para uma nova tempestade prevista para o sábado.

Então é isso, vai dar uma esquentada no final de maio. À espera de uma nova tempestade para o fim do mês e início de junho, que vai derrubar a temperatura no início do próximo mês, e consequentemente um ciclone mais forte e uma ondulação maior na virada do mês.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.