A intensidade das tempestades se deve ao calor extremo e ao fluxo de umidade promovido pelo Oceano Atlântico Sudoeste. A frente quente se projetando até a Argentina, favoreceu a formação de um ciclone dia 21/09 e a intensificação do ciclone deve ocorrer ainda no dia 23/09.
O choque das massas de ar quente com a massa de ar fria gera os ciclones. Mesmo com temperaturas extremas (o inverno mais quente da história), o frio do polar ainda transita pela região da Argentina e Oceano Atlântico Sul, o que aumenta a intensidade das tempestades.
Dia 23/09 a tempestade se organiza num ciclone extratropical para fechar o inverno. Pela previsão este ciclone se formará no sul do Rio Grande do Sul, próximo da foz do Rio da Prata.
Como falamos no lá início desta coluna, traremos relatos sobre as mudanças climáticas e o impacto na geração das ondas, mas principalmente as consequências sobre a qualidade de vida no Planeta Terra.
Informações dos pesquisadores do SOOS (Southern Ocean Observing System – www.soos.aq), relatam que este contato entre as correntes marinhas (isto é, Brasil quente e Malvinas fria) tem produzido grandes fluxos de energia, impactando inclusive a vida marinha da região Antártica.
Já ouvimos falar da mortalidade das colônias de pinguins imperadores e, mais recentemente, a preocupação com a qualidade de vida de toda a comunidade marinha austral. As baleias, que na primavera migram em direção a região polar a procura de alimento, podem ficar sem comida suficiente!
Vimos que a circulação atmosférica foi alterada drasticamente durante o El Niño, alterando a zona de geração de ondas e trazendo chuvas torrenciais para o Rio Grande do Sul.
Também vimos que a geração de ondas esteve mais restrita a região das Malvinas, com a propagação das correntes quentes na direção sul. Por isso, venho aqui alertar nossos internautas sobre as consequências deste calor extremo, mais evaporação dos oceanos e mais chuvas torrenciais.
Os mapas das figuras mostram diferenças sutis de ontem para hoje. Neste caso a Alta Polar “parece estar” menos intensa, enquanto os vórtices de ar frio ficaram mais intensos. Estes vórtices passam a Cordilheira dos Andes para adentrar a América do Sul provocando mais chuvas e os ciclones extratropicais no Oceano Atlântico Sul.
No domingo, um novo ciclone transita pela região das Malvinas e gera mais ondas de sul e sudeste, que vão manter as condições de ondas boas até terça-feira.
Previsão das Ondas
Confesso que está difícil de prever, como mostram os mapas de previsão obtidos em dois dias diferentes. Este calor extremo está dificultando a exatidão da previsão dos modelos.
Região Sul: Ondulação de sul rápida, pois o mais provável é que as ondas venham boas da direção de sudeste.
Nesta sexta-feira temos ondulação de sul/sudeste com 10 segundos de período e 1 metro de altura, brigando com a ondulação de nordeste com 7 segundos de período e 1 metro.
Nessa briga, a ondulação de sudeste deve prevalecer.
O ciclone se afastou rapidamente da costa e deixa uma pista de geração de ondas de 1,5-2 metros de sudeste no sábado e domingo. O vento deve rodar de sul para um leste (ainda com forte influência da alta subtropical), e voltar para sul novamente.
No domingo, ondas de sudeste, embora o modelo esteja indeciso entre uma ondulação de sul de 1 metro e outra de leste também de 1 metro. Isso indica que ainda temos a influência de uma baixa pressão e linhas de instabilidade na região sul (RS/SC).
O domínio da Alta Subtropical, chuva e vento, bateu forte no Rio Grande do Sul, condição meteorológica melhorou, mas não passou. Assim, a ondulação de sudeste deve ditar as ondas na região Sul até o Nordeste, variando entre as componentes de Sul e de Leste.
Garopaba e Imbituba devem quebrar com bom tamanho até terça feira, variando entre 1,5 e 2 metros na série. Em Floripa, praia Mole, Campeche e Joaquina devem apresentar condições de ondas muito boas e tubulares principalmente no sábado fim de tarde.
Região Sudeste: A ondulação de leste/sudeste domina o fim de semana. No entanto, temos uma pista de geração nesta sexta feira. Esta ondulação vira pra sudeste durante o sábado, pois o ciclone correu para o meio do Atlântico gerando essa nova ondulação.
Na minha análise, domingo teremos ondas perfeitas de sudeste com 1,5 metro e 12 segundos.
Duas componentes principais, sul/sudeste e sudeste/leste, devem atuar na região sudeste.
Assim, as ondas continuam boas mesmo com este calor extremo, pois existe energia disponível para a geração de ondas no Oceano Atlântico.
Na região das Malvinas, a previsão ainda traz um novo ciclone no dia 23, então teremos ondas de sul/sudeste até terça-feira.
As praias de Maresias e Itamambuca em São Paulo; Barra da Tijuca, Itacoatiara e Saquarema, no Rio de Janeiro, vão apresentar boas condições no fim de semana e se manter boas até terça-feira. Entrando de sudeste sábado e domingo, e uma componente mais de sul na segunda e terça.
Região Nordeste: Ondas continuam boas mesmo com calor extremo. A ondulação de sudeste se mantém nesta sexta-feira e sábado, com ondas de 1,5 a 2 metros e período de 12 segundos.
Domingo, dá uma baixada para 1-1,5 metro, porém na terça-feira sobe novamente de sudeste com 1,5-2 metros e período de pico de 14 segundos.
Condição muito boa todo fim de semana e até terça-feira, ventos fracos pela manhã e moderados a tarde.
Os melhores picos serão aqueles cantos mais rasos, provavelmente nos cantos norte das praias onde o vento de nordeste entra de terral.
Região Norte: Boas notícias para o pessoal do Ceará ao Pará, as fortes tempestades tropicais que estão passando pela zona equatorial estão produzindo ondulações de período longo entre 13 e 15 segundos, que são na verdade maiores que as ondulações que são geradas no sul do Brasil.
Na quinta-feira uma ondulação de leste/nordeste deve proporcionar ondas de 05-a 1 metro.
Na sexta-feira, fim de tarde, a ondulação vira para nordeste. O modelo WW3 indica uma ondulação de norte de 1 metro para esta sexta-feira. Eu já penso que teremos uma ondulação de 1,5 com séries maiores, devido à direção desta última tempestade ter apontado parta a costa brasileira.
No sábado e domingo a ondulação vira para norte/nordeste com 1-1,5 metro, 13 a 15 segundos de período de pico. Isso gera boas ondas pois o período alto favorece a arrebentação de ondas mais perfeitas, mesmo com a forte influência dos alísios.
Jericoacoara deve apresentar melhores ondas que a região de Paracuru, pois está mais protegida dos ventos de leste, assim como Cajueiro no litoral do Ceará. Também devem quebrar boas ondas na região de Luís Correa, do outro lado do Rio Igaraçu, em Tutóia.
No Pará, Salinas, Algodoal e inclusive a praia de Mosqueiro devem apresentar boas ondas.