Previsão

Quarta clássica no Sul e Sudeste

De acordo com o oceanógrafo Heitor Tozzi, a semana será de ondas grandes e boas para o Sudeste até sexta-feira, com swell que deve atingir o Nordeste inteiro até domingo.

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Galera, atrasei esse editorial. Levei uma vaca de bike e fiquei de molho 1 dia. A idade vai
batendo e nessas horas vêm à lembrança aqueles mares clássicos que já pegamos na vida, e as vacas também.

Uma sequência de tempestades abriu este mês de maio, mas não foi como abril, que teve um ciclone mais intenso no Sul do Brasil, com uma ondulação mais poderosa.

O mês de maio veio com mais chuva, característica de El Niño na região Sul, começou diferente. Tivemos um ciclone extratropical e depois outro na retaguarda do primeiro, e ainda mais outro passando nas Malvinas. Pá pum, um na rabeira do outro.

E a chuva trouxe mais vento maral, também uma linha de instabilidade se formou na região Sudeste, coisa e tal, mas ondas boas tivemos. As condições das ondas tiveram horas clássicas no Sul, Torres Tramanda, Garopaba, Floripa, já na quarta-feira, e no Sudeste na quinta. Subiu no sábado como previsto, mas a chuva intercalada com períodos de sol deu um tom mais cinza à condição do mar. Domingo clássico no Sudeste e as ondas continuaram rolando nesta segunda e terça.

Um séries de tempestades. Por isso andei analisando a Rossby para prever o que temos por vir.

 

reprodução

Na metade de maio, não vejo nenhuma movimentação mais forte do que este último ciclone extratropical. A cava forte da onda de Rossby está passando pela Austrália e deve gerar boas condições pro campeonato em Sydney. Aqui, as tempestades ficam mais restritas para a região das Malvinas.

Deve ficar assim, até que um ciclone mais forte a cada 15 dias, varrendo o Atlântico Sul e
fazendo frente fria chegar até a Bahia. Volta a esquentar novamente! O Hemisfério Norte está esquentando rápido e isso influencia a circulação do planeta.

Previsão das ondas

Esta semana a previsão continua muito boa para o Sudeste/Nordeste, Litoral do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Deste o sul da Bahia até Cabo do Calcanhar com excelentes ondas nos próximos dias. Isso devido a um ciclone extratropical que continuou sua zona de geração de ondas pelo Atlântico Sul, varrendo e trazendo ondas de 2 metros para quase toda a costa.

reprodução

 

Chega de sul fabricado por um ciclone intenso, que manteve a geração de ondas nesta
segunda-feira na área Charlie, e vira aos poucos para sudeste.

Na região Sul baixa, mas ainda recebe um swellzinho de Sudeste até quinta, altura de 1 metro e com condições de vento muito favoráveis. Frio e Sol, e vai esquentar até sexta.

No Sudeste ondulação grande nesta quarta-feira, com ondas na faixa de 2,5 metros de altura significativa e permanece com 1,5 a 2 metros até sexta. Baixando no sábado. Também com excelentes condições de vento. Uma leve brisa marinha deixa tudo gelado pela manhã.

No Sudeste/Nordeste (Bahia-Espírito Santo), as ondas chegam nesta quarta com 2 metros de altura significativa e período na casa dos 12 segundos. O problema é o vento lateral,
condição que deve melhorar no sábado e se mantêm boa até domingo.

Condição de quarta-feira no Sudeste (grande e perfeito)reprodução
Condição de quarta-feira no Sudeste (grande e perfeito)
Condição de quinta-feira no Espirito-Santo, subindo de sul.reprodução
Condição de quinta-feira no Espirito-Santo, subindo de sul.
Condição para esta sexta-feira em Salvador e região Nordeste.reprodução
Condição para esta sexta-feira em Salvador e região Nordeste.

No Nordeste, quarta tem onda, sobe na quinta, e sexta-feira deve ser o pico do swell.

Em Salvador, Porto de Galinhas e Cabedelo, a ondulação chega na quinta final de tarde, com altura na casa dos 1,5 m, e fica até domingo. Uma segunda ondulação de leste com 11 segundos de período influenciando a região. O pico do swell é na sexta, 13 segundos e 1-1,5 m na série. A previsão é manter 1 metro até domingo.

No Norte infelizmente as notícias são de ondas pequenas e bastante vento.

Heitor Tozzi
Oceanógrafo e Mestre em Estudos Costeiros, trabalha com morfodinâmica de praias e impacto de tempestades na costa desde 1991, quando fez parte do 1º grupo de Sentinelas do Mar (Watching Waves in Brazil). Como pesquisador já embarcou em navios de Norte a Sul do Brasil, Golfo do México, Angola e Indonésia. Velejador e surfista nas horas vagas, atualmente é pesquisador do doutorado em Meteorologia no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde estuda os processos de Interação Oceano-Atmosfera para geração dos Ciclones.