Entender as mudanças na energia das ondas e no movimento de areia das praias, o regime de tempestades e do calor da água, cuidar do local que você frequenta, viver com saúde, segurança e por aí vai… As Anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (Sea Surface Temperature Anomaly – SSTA), mostram que falar em Aquecimento Global é falar de aquecimento da superfície dos Oceanos. Para quem vive na praia todos os dias, é pensar no quintal de casa!
Segundo o Dr. Scott Yuknis, outro novo MHW surgiu no sudoeste do Oceano Índico. Uma área peculiar de anomalias da temperatura da superfície do mar muito quente (SSTA) existe sobre a área tropical do Pacífico Ocidental. De acordo com a maioria dos modelos globais a SSTA, 2023 pode vir a ser o ano com a superfície oceânica mais quente já registrado na história.
A Praia do Cassino (RS) é um excelente laboratório, porque está na região das tempestades de 30-35°S. Desde 1991 medimos a erosão das praias do Cassino até o Hermenegildo e Chuí. Só tem gente morando nas extremidades, e a região central é inacessível por estradas, não tem água potável, entre os mais de 180 km só de areia e dunas e banhados. Lá é onde o vento faz a curva!
Hoje, a duna de 8 metros que tinha na frente do Farolete do Verga e os Concheiros do Albardão, por exemplo, desapareceram. “A água está quente aqui no Cassino”, me falou Henrique Mesquita, colega oceanógrafo e shaper das pranchas Talhamar (@talhamarmesquita), que mandou este vídeo, e depois entrando o swell de SE.
Diferentes tipos de praias existem entre o Balneário do Cassino e o do Hermenegildo e Chuí. A variação de areia é diferente em cada trecho das praias entre Cassino e Chuí; Os Concheiros do Albardão é o lugar mais desconhecido dos surfistas e onde rolam altas ondas sem ninguém para surfá-las. Machado e Calliari 2016 observaram o número de tempestades na região sul do Brasil, mostrando que realmente há um aumento de intensidade dos eventos.
As tempestades de sul empilham água na costa (relacionado com o tal efeito de Coriolis) e causam mais erosão nas praias. As tempestades de Sul e Leste não sobem tanto e não mudam tanto as bancadas de areia.
As praias variam de volume de areia de acordo com a energia e direção do swell, o Sul a praia sobe com a maré meteorológica, tempestades de Leste e Sudeste não fazem o mar subir tanto e não provocam o mesmo tipo de erosão.
O impacto da civilização moderna sobre o equilíbrio do Planeta. Nossos hábitos desequilibraram o clima, o nível do mar está subindo e as mudanças acontecem muito rápido.
A Marinha do Brasil acaba de apresentar uma nova lista de nomes para as tempestades severas, depois que o último nome usado foi Yakecan em 2022.
O oceano tem sido protagonista do aquecimento global devido ao aquecimento das águas e aumento de intensidade das tempestades. Isto de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental pra Mudanças Climáticas – IPCC (https://www.ipcc.ch).
O oceano armazena calor e libera este calor para atmosfera em regiões de confluência de correntes como a Brasil-Malvinas.
Quanto maior o gradiente de temperatura entre as zonas tropicais e os polos, maior a intensidade das tempestades. Os subtropicais que, inclusive, apresentam a tal característica explosiva. Lembram? A queda da pressão atmosférica em superfície >24hPa/24h.
A maior o fluxo de energia para dentro do ciclone (baixa pressão) como mostra a figura. O ar aquecido sob mais rápido pelo centro do ciclone, e quanto mais quente o ar, mais rápido o deslocamento vertical e mais forte a intensidade do ciclone.
Os ciclones do meio do Atlântico geram energia pra dentro do Atlântico Sul e ocorrem numa região bem mais ao Sul do Rio da Prata. Tão fortes quanto um ciclone bomba, porém na maioria das vezes a energia das ondas se dispersa pelo oceano e vai bater na África.