Rio Pro

Oito brasileiros nas oitavas

Três brasileiros superam a repescagem e se juntam a outros cinco nas oitavas de final do Rio Pro. Caio Ibelli marca nota 10 e Gabriel Medina é eliminado.

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Caio Ibelli nas alturas em Itaúna, Saquarema (RJ).

Metade dos surfistas classificados para as oitavas de final masculinas do Rio Pro é do Brasil. Mateus Herdy, Samuel Pupo e Caio Ibelli venceram pela repescagem e avançaram, esse último com direito a uma nota 10 unânime no Point de Itaúna, Saquarema (RJ). Gabriel Medina perdeu na fase e se despediu da etapa em 17º lugar.

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Nesta sexta-feira (24) aconteceram as baterias da repescagem masculina e feminina, em direitas e esquerdas de 1 metro com séries maiores no pico da Região dos Lagos. As quartas de final das mulheres acontecem neste momento. O mar mudou ao longo do dia e teve muito bons momentos, com tubos para a direita.

Praia de Itaúna recebe bom público no segundo dia do Rio Pro.

Caio é 10 – Caio Ibelli pegou a melhor onda do campeonato até o momento. O brasileiro surfou um tubo longo e profundo no final da segunda bateria da repescagem, contra Jadson André, e marcou uma nota perfeita.

Jadson estava na frente no placar e tinha como melhores notas 4.83 pontos, conquistada com um tubo de backside, e 4.00, que recebeu após voar com rotação de frontside. Ele estava muito ativo, enquanto Caio esperava por ondas boas. Ele havia marcado 4.43 numa esquerda que teve batida e cutback, além de outra batida no inside, quando a onda já era uma direita.

Quando tudo parecia definido, aos 32 minutos Caio pegou uma direita da série e botou pra dentro. O brasileiro sumiu durante um tempo até aparecer na saída. Ele recebeu um 10 unânime, a primeira nota perfeita do surfista na elite do surfe mundial. Jadson, eliminado, bateu palmas.

“Eu passei a bateria inteira precisando de uma nota baixa e já estava quase me conformando que não ia vir mais onda”, conta Caio. “Aí surgiu aquela onda, só que eu estava muito atrasado para entrar, então fui acelerando e não acreditei que consegui sair depois da baforada. Essa é a primeira vez que consigo competir com toda a minha família junto aqui e eu só queria fazer uma boa apresentação, então estou feliz por essa nota 10”.

Melhor do dia – Mateus Herdy fez bonito logo após a disputa de Caio. A primeira metade do duelo contra Kaona Igarashi foi fraca, com ondas ruins e erros nas manobras. Então o brasileiro começou a decolar nas direitas. Primeiro voou uma vez com rotação (7.17), e logo depois pegou outra onda e voou duas vezes, também com giro (8.83).

O japonês passou a necessitar de duas ondas para reverter o placar. Kanoa até marcou duas notas na casa dos seis pontos, mas perdeu na necessidade de 9.43. Mateus seguiu para as oitavas de final e Kanoa, que chegou em Saquarema em quinto lugar no ranking, terminou o Rio Pro 2022 na 17ª posição.

“A energia aqui é muito forte e quando acertei aquele primeiro aéreo, todo mundo vibrou, gritou e isso me deu mais empolgação”, diz Mateus. “Quando eu recebi um wildcard (convite) em 2019, eu me machuquei e não consegui surfar, mas esse ano eu sabia que seria diferente. Estou muito feliz, porque cresci surfando junto com o João (Chianca), o Samuel (Pupo), então é um sonho poder estar junto com eles, competindo em um CT no Brasil”.

Samuel x Kolohe – A sexta bateria da repescagem masculina aconteceu num momento pior para o surfe no Point de Itaúna. Kolohe Andino marcou 5.17 nos primeiros minutos, com uma esquerda que teve batida vertical e rasgada, além de outra rasgada e pancada no inside. Aos oito minutos Samuel Pupo fez uma única manobra de frontside, uma batida vertical no buraco, e anotou 6.50.

Dali pra frente nada de expressivo aconteceu. Samuel colocou mais 3.00 pontos no somatório, com uma batida que teve rabetada, mais uma rasgada de backside, e deixou Kolohe na necessidade de 4.34.

Faltavam ainda 19 minutos para o fim, mas o norte-americano não entrou em sintonia com o pico de Saquarema. Quase no minuto final o brasileiro aumentou a distância com 4.50 pontos e garantiu a vaga nas oitavas de final.

Medina é eliminado – Além de Jadson André, o Brasil perdeu João Chianca e Gabriel Medina na repescagem. Após voar de backside e sofrer forte impacto da prancha no joelho direito, o tricampeão mundial apostou nas esquerdas. Sem confiança, o surfista errou todos os aéreos que tentou e se despediu da etapa. O australiano Callum Robson focou nas direitas, marcou 8.17 e 7.40 pontos e escreveu seu nome nas oitavas de final.

Callum começou o duelo com 6.00 pontos, conquistados com duas batidas numa direita. Logo depois Medina pegou sua primeira esquerda na bateria. Ele bateu duas vezes em sequência, com muita força, e largou com 7.50.

Gabriel Medina sofre forte pancada no joelho direito após tentativa de aéreo de backside.

Aos nove minutos Callum fez uma onda excelente, na opinião dos juízes. O aussie foi pra direita, fez um layback poderoso, bateu e executou um curback. A atuação valeu 8.17 pontos. Enquanto isso Medina não conseguia uma segunda nota consistente.

Aos 16 minutos Callum foi novamente pra direita, rasgou duas vezes e voou com reverse. Com a performance ele colocou mais 7.40 pontos no somatório, e deixou Medina na necessidade de 8.08 para vencer. Medina seguiu nas esquerda e tentou voar cinco vezes, mas errou todos os aéreos.

Callum venceu com 15.57 pontos, contra 10.17 do brasileiro. Medina, que nas últimas duas edições do Rio Pro ficou em quinto lugar, dessa vez terminou com a 17ª posição.

“Eu escorreguei no meu segundo aéreo e a prancha bateu no lado do joelho (direito), que está um pouco dolorido. Até tentei mandar outros aéreos, mas sem confiança para aterrissar, com medo de piorar ainda mais”, conta Medina. “É sempre incrível competir em casa e agradeço a toda a torcida por tanto apoio. Eu queria ter avançado mais, mas esse ano está sendo para voltar ao ritmo das competições. O ano que vem é quando quero estar 100% para ir atrás de outro título mundial e da classificação para as Olimpíadas de 2024”.

Local perde – João Chianca caiu na quinta bateria do Round, que foi decidida com ondas para a direita. O local começou de maneira expressiva aos cinco minutos, com uma boa rasgada e uma batida forte, além de outra pancada no inside (7.50). Sete minutos depois foi a vez de Ethan Ewing trabalhar. O australiano fez duas rasgadas no início da onda, depois foi pro inside e bateu com potência na junção (6.60).

Na metade do confronto de 35 minutos o aussie passou pra primeiro com uma pancada forte, uma rasgada e outra curva no inside (6.67). O brasileiro deu o troco logo depois com um tubo (5.00). Na sequência João passou por dentro de um canudo e foi para o inside, onde errou a finalização. Ele precisava de 5.77 pontos e anotou 6.07.

Ethan gostou da ideia de pegar tubos e também passou por dentro. Ele necessitava de 6.91 pontos para assumir a liderança e conquistou 7.00. João botou no tubo depois e andou fundo por um longo tempo, mas caiu na saída. Dali pra frente ele só surfou mais uma onda e foi eliminado do Rio Pro. Ethan avançou e enfrentará Yago Dora nas oitavas.

João Chianca rasga forte a direita do Point de Itaúna, mas se despede da etapa.

Griffin cai para Tudela – O campeão da etapa de El Salvador e atual terceiro colocado do ranking está fora do Rio Pro. O norte-americano Griffin Colapinto não usou a prioridade no final da bateria e sofreu uma virada do peruano Miguel Tudela.

A disputa abriu a repescagem masculina. Griffin abriu a bateria com um bom tubo pra direita (7.50). Tudela deu o troco logo depois, com um aéreo reverse alto de frontside na esquerda (7.10).

No meio da bateria o peruano pulou pra frente do duelo com outro aéreo pra esquerda (5.10). Mas o norte-americano retomou a liderança com uma batida e uma escalada na esquerda. Ele ainda entrou no inside, virou pra direita e bateu e rasgou (5.10).

Tudela quase virou quando restavam oito minutos para o fim. Ele rasgou e bateu de frontside e marcou 5.50 quando precisava de 5.51 pontos. Perto do minuto final ele conseguiu a liderança. Griffin tinha a prioridade, mas imaginou que a esquerda seria ruim e deixou para o adversário. Tudela voou jogando a rabeta pro alto e completou a manobra. Ele, que entrou no evento na vaga do lesionado havaiano Seth Moniz, conquistou 7.20 e venceu.

“Eu sabia que a bateria com o Griffin (Colapinto) ia ser muito difícil, porque ele estava vindo de vitória (em El Salvador semana passada)”, diz Tudela. “Eu escolhi surfar as esquerdas para mandar uns aéreos, mas nem sei como consegui aterrissar nesse último. Estou muito feliz por ter recebido a nota que precisava para vencer a bateria. Eu fiquei surpreso quando recebi o e-mail do convite para participar do Rio Pro. Nem acreditei no início, mas confirmei na hora e estou muito feliz por estar vivendo tudo isso aqui”.

Tati na semi – O Brasil está nas semifinais do Rio Pro. Tatiana Weston-Webb dominou a última bateria das quartas femininas, superou a australiana Isabella Nicheols e terá pela frente a havaiana Carissa Moore.

Aos três minutos de duelo a brasileira surfou uma esquerda e fez duas manobras, uma batida e uma rasgada. A nota foi 4.83 pontos. Momentos depois ela pegou uma direita e acertou uma forte pancada vertical. O ataque valeu 6.00 pontos e ela deixou a adversária na necessidade de 9.83.

Isabella não ia bem, e numa oportunidade bateu forte na direita, mas na segunda manobra caiu. Ela recebeu 3.50 pontos pela performance e passou a necessitar de 7.33.

Tati estava muito ativa, e aos 22 minutos foi pra esquerda e bateu forte com pressão na rabeta. Ela conquistou 5.40 pontos e aumentou a distância no placar para a adversária (7.90). Isabella seguiu esperando por ondas boas, mas não apareceu nenhuma boa na opinião dela, que não surfou mais até o apito final.

“Foi uma bateria bem difícil, porque ela (Isabella Nichols) é uma ótima competidora”, diz Tati. “No início, eu fui mais para o meio da praia, porque tinha visto algumas esquerdas lá. Depois, remei de volta para o pico e peguei uma direita boa, que rendeu nota 6. Acabei surfando outra direita para somar minha segunda nota e estou feliz em ter passado para as semifinais”.

Tatiana Weston-Webb marca 5.40 pontos com forte manobra de frontside.

Carissa Moore chegou na semifinal após eliminar a norte-americana Caroline Marks na terceira bateria das quartas. A havaiana abriu a bateria com 6.67 pontos e venceu com 12.47 no somatório. Dois momentos que podem ter determinado a derrota de Caroline, foram quando ela fez ataques verticais em direitas, mas errou a segunda manobra nas duas ocasiões.

A primeira semifinal terá a francesa Johanne Defay contra a havaiana Gabriela Bryan. Nas quartas, a bateria entre Johanne e a australiana Sally Fitzgibbons foi dura (9.43 a 8.10), assim como a disputa entre Gabriela e a norte-americana Lakey Peterson (8.94 a 8.33).

Carissa Moore é a adversária da brasileira na semi.

Repescagem feminina – A sexta-feira começou com as mulheres. A líder do ranking competiu na primeira bateria da repescagem feminina. A havaiana Carissa Moore não começou bem, mas virou por pouco em cima da peruana Sol Aguirre.

Sol iniciou sua participação na repescagem do Rio Pro surfando esquerdas. Ela abriu com 3.50 e depois marcou 4.83 pontos. Carissa melhorou ao longo do duelo e virou na quinta onda. Ela precisava de 4.40 e anotou 4.57. A vitória foi por 8.50 a 8.33.

A campeã da etapa de El Salvador e vencedora do Rio Pro em 2018 participou da segunda disputa do dia e foi eliminada. A australiana Stephanie Gilmore caiu para a conterrânea Isabella Nichols. O duelo teve algumas viradas. Isabella tomou a frente para não sair mais aos 20 minutos de bateria, quando executou duas batidas verticais e fortes numa direita e anotou 6.33 pontos.

Stephanie chegou nos últimos instantes do duelo com a prioridade, e surfou para tentar os 5.34 pontos que precisava. A esquerda foi pequena, mas ela trabalhou até o inside, porém conquistou 4.87 e se despediu do Rio Pro.

Stephanie Gilmore cai na repescagem do Rio Pro.

Na bateria seguinte outra campeã do Rio Pro se despediu da competição. A francesa Johanne Defay marcou duas notas na casa dos quatro pontos (4.67 e 4.23) contra duas na casa dos três da norte-americana Courtney Conlogue (3.67 e 3.43). e venceu pelo placar de 8.90 a 7.10.

A repescagem das mulheres terminou com vitória de Lakey Peterson, norte-americana que fez a maior nota da fase feminina (7.00). A costa-riquenha Brisa Hennessy não entrou em sintonia com o Point de Itaúna e perdeu com notas baixas (2.87 e 2.93).

Rio Pro 2022

Round 2 masculino (repescagem)

1 Miguel Tudela (PER) 14.30 x 12.60 Griffin Colapinto (EUA)

2 Caio Ibelli (BRA) 14.43 x 8.83 Jadson André (BRA)

3 Mateus Herdy (BRA) 16.00 x 12.90 Kanoa Igarashi (JPN)

4 Nat Young (EUA) 12.00 x 10.17 Jordy Smith (AFR)

5 Ethan Ewing (AUS) 13.67 x 13.57 João Chianca (BRA)

6 Samuel Pupo (BRA) 11.00 x 6.27 Kolohe Andino (EUA)

7 Callum Robson (AUS) 15.57 x 10.17 Gabriel Medina (BRA)

8 Matthew McGillivray (AFR) 11.40 x 10.53 Jake Marshall (EUA)

Oitavas de final

1 Jack Robinson (AUS) x Mateus Herdy (BRA)

2 Caio Ibelli (BRA) x Samuel Pupo (BRA)

3 Italo Ferreira (BRA) x Michael Rodrigues (BRA)

4 Miguel Pupo (BRA) x Nat Young (EUA)

5 Filipe Toledo (BRA) x Miguel Tudela (PER)

6 Connor O’Leary (AUS) x Matthew McGillivray (AFR)

7 Ethan Ewing (AUS) x Yago Dora (BRA)

8 Callum Robson (AUS) x Jackson Baker (AUS)

Round 2 feminino (repescagem)

1 Carissa Moore (HAV) 8.50 x 8.33 Sol Aguirre (PER)

2 Isabella Nichols (AUS) 11.16 x 10.70 Stephanie Gilmore (AUS)

3 Johanne Defay (FRA) 8.90 x 7.10 Courtney Conlogue (EUA)

4 Lakey Peterson (EUA) 11.33 x 5.80 Brisa Hennessy (CRI)

Quartas de final

1 Johanne Defay (FRA) 9.43 x 8.10 Sally Fitzggibons (AUS)

2 Gabriela Bryan (HAV) 8.94 x 8.33 Lakey Peterson (EUA)

3 Carissa Moore (HAV) 12.47 x 10.50 Caroline Marks (EUA)

4 Tatiana Weston-Webb (BRA) 11.40 x 4.50 Isabella Nichols (AUS)

Semifinais

1 Johanne Defay (FRA) x Gabriela Bryan (HAV)

2 Carissa Moore (HAV) x Tatiana Weston-Webb (BRA)