Desde que foram criadas por Steve Lis, lá nos anos 70, a partir de pranchas para surfar de joelhos, as fishes se desenvolveram muito. A ideia foi dividir a rabeta em dois pins, cada um com sua quilha. A falta da quilha central tornou as curvas um pouco menos seguras, mas a velocidade e a maleabilidade fizeram com que muitas ondas nada divertidas se tornassem interessantes. Está aí a grande vantagem.
Existe uma variedade interessante de pranchas que podemos chamar de fishes. Há tantas dessas pranchas com duas quilhas e rabeta em forma de rabo de peixe, que você precisa entender bem o que quer tirar delas, escolhendo alguma que possa se adequar ao seu estilo de surf.
Para alguns é mais fácil trocar de uma prancha para outra. De uma triquilha convencional para uma fish, larga da rabeta ao bico, com pouco rocker, por exemplo. Para outros a coisa pode ser mais complicada. Por isso é bom prestar atenção aos detalhes e variáveis de cada uma. Quanto mais clássicas mais distintas do surfe que nos acostumamos a fazer com triquilhas.
Longboarders têm facilidade em se adaptar a elas, pois as curvas necessitam mais jeito do que força. Aliás, na maioria dos modelos, se você aplicar muita força vai acabar derrapando, fazendo as quilhas desgarrarem da água e/ou enterrando as bordas na curva.
Reparem na diversidade de modelos usados pelos atletas durante a etapa do Maldives Surfing Champions Trophy 2016, no dia das biquilhas:
As clássicas – São largas, da rabeta ao bico, por isso têm um outline bem paralelo. Rabeta em forma de peixe, bastante flutuação (espessura avantajada), além de duas quilhas baixas e de base longa, basicamente triângulos retângulos, sem muita inclinação e quase paralelos.
O rocker baixo (pranchas sem muita curva de fundo) ajuda a acelerar pelas partes mais planas das ondas. A espessura generosa facilita entrar em ondas mais fracas. As duas quilhas fazem a prancha trocar de direção rapidamente quando o fundo fica chapado na água.
Já para fazer curvas com as bordas a história é outra e requer habilidade, pois elas tendem a projetar linhas longas, mas a velocidade e sensação são inigualáveis, se você souber manter o controle e direção. Ondas longas, mesmo que fracas, tornam-se diversão garantida.
Asher Pacey, cansado da linha habitual das triquilhas, entendeu e absorveu o conceito das fishes, tornando-se um dos maiores adeptos das duas quilhas:
Twin Fin – Saindo da biquilha fish clássica para as “quilhas gêmeas” do Mark Richards, que criou sua própria versão de prancha de alta performance ultra manobrável, inclusive no Hawaii. Ele seguiu uma tendência também adotada por Reno Abelira e David Nuuhiwa. Bico e rabetas mais estreitos, mas com aquele outline um tanto paralelo e largo.
MR colocou um wing para estreitar mais rapidamente a rabeta e obter mais controle nas curvas. As quilhas, mais altas e mais estreitas, ficaram mais juntas e com mais inclinação em relação ao fundo, além de serem mais direcionadas para o bico da prancha. Um pouco mais de rocker no bico e rabeta e, pronto, a biquilha era outra coisa.
Dos anos 80 para cá houve muita evolução. Concaves, bordas mais baixas, canaletas, diferentes posicionamento e modelos de quilhas. Mick Fanning foi visto em J-Bay se divertindo com uma. A verdade é que nesse universo das pranchas, de Steve Lis a Asher Pacey, passando por Mark Richards, Shane Dorian e Rob Machado, as biquilhas se transformaram e continuam seu caminho na direção da performance e diversão. Experimente uma!
Nesse, que é apenas o trailer do “Fish: Surfboard Documentary”, que deve rolar logo mais, tem muita gente interessante dando depoimento sobre o assunto: