Karen Castaneda/APOs corpos dos irmãos australianos Jake e Callum Robinson e do amigo norte-americano Jack Carter Rhoad foram encontrados em um poço com tiros na cabeça, reporta a CNN dos EUA. Familiares identificaram seus corpos sem a necessidade de testes genéticos, informou o escritório do Procurador-Geral da Baja California, México, em um comunicado no último domingo (5).
Três cidadãos mexicanos anteriormente interrogados em relação ao desaparecimento foram presos sob suspeita de sequestro, informou o gabinete do procurador-geral. Um dos suspeitos foi identificado como Jesús Gerardo “N,” apelido “El Kekas”.
Os três amigos estavam em uma trip perto da cidade de Ensenada, cerca de 96 km ao sul da cidade de Tijuana, quando desapareceram no último dia 29 de abril.
A procuradora-geral da Baja California, Maria Elena Andrade Ramirez, se reuniu com os pais das vítimas no domingo e “reafirmou o total comprometimento da instituição em dar continuidade às investigações sobre esses lamentáveis eventos até que os responsáveis sejam totalmente processados pela lei”.
Ainda de acordo com a CNN, os surfistas podem ter sido atacados em uma tentativa de roubo de veículo, citando investigações preliminares. Baja California tem sido atormentada pela violência do cartel nos últimos anos, embora raramente ocorra em áreas turísticas como Ensenada.
Uma caminhonete branca queimada foi encontrada em uma fazenda em Santo Tomás, cerca de 64 quilômetros de onde os corpos foram encontrados, disse uma fonte policial local à CNN. O veículo foi confirmado como sendo o mesmo que Callum Robinson postou uma imagem no Instagram uma semana antes do trio desaparecer.
A confirmação da morte dos surfistas é uma notícia comovente para parentes desesperados que voaram para o México na esperança de melhores notícias – e para seus amigos em casa.
Jake Robinson, médico de 30 anos, havia deixado a Austrália cerca de duas semanas atrás para “a viagem da sua vida” com seu irmão, disseram seus pais à afiliada da CNN, 7News.
Os irmãos foram ao festival de música Coachella uma semana antes de cruzar a fronteira com o México com o amigo Jake, planejando surfar por alguns dias.
“Callum e Jake eram seres humanos maravilhosos. Nós os amamos muito e isso nos parte o coração”, disseram os pais em comunicado antes de partir de Perth, Austrália.
Callum, de 33 anos, era membro da seleção australiana de lacrosse e ex-aluno da Stevenson University. Ele morava em San Diego, Califórnia. Em uma postagem no Instagram, a faculdade de Maryland disse: “Callum será lembrado por seu espírito contagiante e personalidade marcante”.
“Com seu lindo cabelo comprido e sorriso encantador, ele realmente encarnava o apelido de ‘grande coala’ – caloroso, amigável e sempre pronto para ajudar”, diz no post. “Embora ele possa ter partido, o legado de Callum viverá em nossos corações para sempre.”
A amiga de Callum, Hayley Jacobs, disse à afiliada da CNN, 9News, que ele “iluminava qualquer ambiente”. Ela disse que o viu na manhã em que ele partiu para o México, mas rapidamente sentiu que algo estava errado quando não teve mais notícias dele. “Não sei o que está acontecendo, mas acho que ele está bravo comigo, como se algo não estivesse certo”, conta.
‘Precisamos de segurança’
Embora algumas regiões do México sejam destinos turísticos consolidados, crimes violentos como sequestro e tráfico de pessoas assolam regiões do país, particularmente nas áreas de fronteira. A taxa de homicídios do México está entre as mais altas do mundo, e mais de 100 mil pessoas permanecem desaparecidas no país.
Cartéis têm aterrorizado o país com níveis cada vez maiores de violência e crueldade, alimentados em parte pela enorme demanda por drogas dos consumidores americanos e armados com um arsenal do norte da fronteira.
Em 2015, os corpos dos surfistas australianos Dean Lucas e Adam Coleman foram encontrados em uma van incendiada no estado de Sinaloa. As autoridades disseram que eles foram mortos por traficantes de baixo escalão que roubavam motoristas.
Os últimos assassinatos provocaram indignação na comunidade surfista de Ensenada, onde cerca de 500 pessoas marcharam no domingo para pedir justiça e mais segurança, segundo a ABC Austrália.
“Estamos aqui em solidariedade aos nossos amigos da Austrália e dos Estados Unidos”, declarou o surfista local Héctor Estrada à ABC. “Somos uma grande comunidade de surfistas em todo o mundo e precisamos de segurança, precisamos que as praias sejam seguras para acampar, surfar ou apenas brincar com a família e amigos.”
Outra moradora, Ana Acosta, expressou à ABC: “Peço justiça e segurança ao governo e que o estado nos forneça isso.”
Em nota divulgada no domingo, a Secretaria de Relações Exteriores do México expressou condolências pelos supostos assassinatos. “A Secretaria de Relações Exteriores se solidariza com as famílias das vítimas neste trágico evento e lamenta profundamente o desfecho dos acontecimentos”.
Fonte CNN
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