Tempestade Ciarán

18 metros de onda

Tempestade Ciarán leva grande ondulação para Portugal e autoridades avisam que swell pode atingir 18 metros de altura.

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Autoridades portuguesas alertam para chegada de swell pontente.Antônio Araújo
Autoridades portuguesas alertam para chegada de swell pontente.

As autoridades portuguesas Marítima Nacional e a Marinha alertam para o agravamento da agitação no mar de Portugal a partir desta quinta-feira (2) até domingo (5), prevendo ondulações que podem atingir os 18 metros de altura.

Em comunicado, a Marítima Nacional relata que as previsões apontam para “um agravamento considerável das condições meteorológicas e de agitação marítima na costa ocidental de Portugal continental a partir das 00h do dia 2 de novembro até às 18h de domingo, dia 5 de novembro”.

“A agitação marítima será caracterizada por uma ondulação proveniente do quadrante Noroeste, com uma altura significativa que poderá atingir os 10 metros e uma altura máxima de 18 metros, com um período médio a variar entre os seis e os 12 segundos”, diz o comunicado.

São esperados ventos provenientes do quadrante noroeste, com uma intensidade média de até 85 km/h e rajadas até 150 km/h.

Desta forma, as autoridades alertam a comunidade marítima e a população geral para os cuidados de uma ida ao mar, avisam também para ter reforço da amarração à vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas.

Receitam também que sejam evitados passeios no mar ou em zonas expostas à agitação marítima, de que são exemplo os molhes de proteção dos portos, arribas ou praias.

Apelam ainda que não seja praticada pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba, “frequentemente atingidas pela rebentação das ondas, tendo sempre presente que nestas condições o mar pode facilmente alcançar zonas aparentemente seguras”.

Os alertas da Proteção Civil para cheias e lençóis de água

A autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) emitiu um aviso à população sobre o agravamento das condições meteorológicas nas próximas 48 horas, com vento e chuva forte, agitação marítima e queda de neve.

Baseada nas previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a ANEPC alerta para a ocorrência já nesta quarta-feira de períodos de chuva ou aguaceiros, por vezes fortes, a norte do Cabo Mondego durante e no litoral Norte, a partir do final da tarde, bem como precipitação persistente nas regiões montanhosas do Minho e Douro-Litoral, podendo exceder os 40 milímetros (mm) em seis horas.

Para o mesmo dia está previsto vento forte, com rajadas até 70 km/h no litoral Norte, que no final do dia podem atingir até 90 km/h no Norte e Centro, associadas a agitação marítima na costa ocidental, a norte do cabo Raso, com ondas de quatro a cinco metros.

Para quinta-feira, a ANEPC avisa para um cenário semelhante, com períodos de chuva, por vezes forte, a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela até ao início da manhã, passando a enchentes à tarde, e para a possibilidade de queda de neve acima de 1200/1400 metros de altitude.

As previsões para quinta-feira apontam igualmente para vento forte nas terras altas do Norte e Centro, com rajadas até 100 km/h e agitação marítima forte a sul do cabo Raso, com ondas de cinco a sete metros, podendo atingir os 14 metros de altura.

No que se refere à situação hidrológica no Norte do país, a ANEPC alerta, com base em previsões da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para a bacia do rio Minho, onde o caudal se mantém acima dos 800 metros cúbicos por segundo, “podendo aumentar ligeiramente se houver descargas na barragem de Frieira, enquanto no rio Lima continua o estado de ‘alerta amarelo’ pela possibilidade de aumento das descargas do sistema Alto Lindoso-Touvedo”.

Na bacia hidrográfica do rio Cávado mantém-se o estado de “alerta amarelo” pela possibilidade de aumento das descargas da barragem da Caniçada.

Face à globalidade das previsões, sobretudo de precipitação intensa, vento forte e agitação marítima, a ANEPC avisa para a ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais, por obstrução dos sistemas de escoamento ou por galgamento costeiro, assim como de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras.

Alerta também para a instabilidade de vertentes, conduzindo a deslizamentos e derrocadas motivadas pela infiltração da água, fenômeno que pode ser potencializado pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais do verão passado ou por ‘artificialização’ do solo.

A ter em conta também nas próximas 48 horas o piso rodoviário escorregadio devido à possível formação de lençóis de água ou à acumulação de gelo e/ou neve, a possíveis acidentes na orla costeira, devido à forte agitação marítima e ao arrastamento para as estradas de objetos soltos ou ao desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, devido ao vento forte, que podem causar acidentes com veículos em circulação ou transeuntes na via pública.

A ANEPC deixa as recomendações à população para que garanta a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas; uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes, placares e outras que estejam suspensas, e especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas, devido à queda de ramos e de árvores.

Recomenda também especial cuidado na circulação junto da orla costeira e zonas ribeirinhas historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros, a não praticar atividades relacionadas com o mar, pesca desportiva, esportes náuticos e passeios à beira-mar, evitando ainda o estacionamento de veículos muito próximos da orla.

Aos condutores é recomendada condução defensiva, reduzindo a velocidade e tomando cuidado à eventual acumulação de neve e/ou formação de lençóis de água nas vias rodoviárias e para não atravessarem zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas.

A culpa é da grave tempestade Ciarán, que se desloca no Atlântico em direção a leste, com uma frente que vai afetar Portugal continental e a Ilha da Madeira, com vento e precipitação forte, principalmente no Norte e Centro.

O instituto prevê também que “um aumento muito relevante da agitação marítima no dia 2 na costa ocidental, onde as ondas deverão ser de noroeste e atingir cinco a sete metros de altura significativa, e com uma probabilidade elevada de ultrapassar os sete metros, nomeadamente a norte do Cabo Raso”. “Este episódio dever se prolongar até dia 6 de novembro”, estima o IPMA.

Fonte Observador